Alguns dos momentos mais importantes da minha vida, tenho experimentado depois dos trinta anos: A conquista de um diploma de jornalista, as especializações na área, as primeiras viagens ao exterior, a adolescência dos filhos, as manifestações gratuitas de reconhecimento, o amor maduro... O exercício da capacidade de ceder.
Talvez aquela angústia, aquele mal estar social por querer ter sempre mais ou ser sempre o melhor (que nos consumia há pouco tempo), nos tenha causado dor o suficiente para começarmos a mudar a forma de ver o mundo. Com o tempo a gente vai compreendendo que as coisas que não são como gostaríamos também podem ser boas. Que a vida continua para todos.
Percebemos, com muita clareza, que tudo é cíclico. Que o “gás” que tínhamos há dez anos, hoje é combustível injetado por novos talentos que surgem a todo o momento.
Descobrimos que às vezes é preciso sim, sair de cena e dar lugar para quem é a “bola da vez”.
E isso não é fácil. Dói muito, machuca o orgulho, derruba a autoestima.
Talvez este seja o momento de olhar pra trás e fazer um balanço. Entender o que realmente valeu a pena até agora. Traçar um novo caminho a seguir, com o diferencial da experiência e da história que construímos. Uma via onde as coisas realmente importantes façam a diferença.
Apesar dos meus trinta e poucos anos e de tantas conquistas e decepções, ainda é difícil perder.
Mesmo que este “perder” não signifique ser o pior.
Ainda passam pela cabeça os momentos de alienação que tentam encontrar culpados pelas nossas frustrações.
Mas de repente, lembro de tantas pessoas boas que caminham comigo, verdadeiramente companheiras e fieis. Colegas de trabalho e de vida pelos quais torço mais do que por mim mesma. E então consigo perceber o quanto sou grata às pessoas que estão do meu lado e que vibram comigo a cada conquista, mesmo que não seja o primeiro lugar.
3 comentários:
Belíssimo texto. Acrescentaria que muitas vezes, aos que nossos olhos parecem ser derrotas, são as maiores vitórias de nossas vidas. Imensa admiração pelo seu trabalho e orgulho gigante de ser um amigo da 'velha infância' e do novo momento.
Beijos e sucesso sempre.
Adorei o texto. Esta é a reflexão que nos é essencial na caminhada. Nosso trabalho, minha amiga, nos coloca num vitrine, muito mais que outras profissões. e aquilo que está exposto, está num mar de possibilidades: ser bom, ser ruim, ser belo, ser feio... Vê que cada julgamento é relativo e é carregado de "pessoalidades", de "imparcialidades".
Do meu ponto de vista, ainda tão inexperiente e aprendendo com você, por exemplo, o "perder" muitas vezes serve para que não sejamos vítimas do conformismo e da idéia de que não nos restam mais escadas nessa vida.
Você é um exemplo de mulher - batalhadora e avassaladora -, de profissional - competente e eficaz -, de amiga - aquela que não coloca em jogo tempo e distância para ser uma grande amiga.
Vitória. A cada dia a sociedade competitiva nos exige que, para que "supostamente" sejamos reconhecidos, teremos que obrigatóriamente VENCER.
Mas neste mundo doido de hoje, só o fato de estarmos vivos já é uma vitória. Mas o que é VENCER? Ter o reconhecimento dos colegas de trabalho, a amizade sincera daqueles que nos são caros, o amor incondicional da família, são exemplos das vitórias diárias que conquistamos.
Continue na luta pela perfeição.
Quando se atinge a maturidade intelectual, observamos que nós não somos mais a surpresa, o novo, a zebra, pois atingimos um status de qualidade, que já é esperada em cada novo trabalho que desenvolvemos, e temos que ter efetivamente como combustível profissional a motivação de cada vez mais buscar a perfeição.
As "quase" conquistas podem trazer algum sinal de frustração, mas podem servir de parâmetro para a reflexão sobre nossas condutas profisisonais e pessoais, na busca incansável pela SATISFAÇÃO pessoal do trabalho bem realizado, da amizade preservada e do amos conquistado. Para mim você é uma VITORIOSA, e tenho a honra de pertencer ao seu ciclo de relacionamento pessoal.
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