Neste final de tarde de sábado, 31 de janeiro de 2009, depois de um dia ferrado de plantão, o destino me colocou em conflito com a profissão que escolhi pra minha vida.
Ao retornarmos de uma reportagem a 90km de Pato Branco, eu e o cinegrafista José Carlos Tumelero fomos surpreendidos por um motorista irresponsável que tentou nos ultrapassar na faixa contínua e bateu de frente com outro veículo que vinha na mão contrária.
Só ouvi meu cinegrafista dizer: "vai bater" e jogar nosso carro pro acostamento.
Olhei pro lado e vi os carros virando um amontoado de ferragens.
Antes de descer avisei a polícia rodoviária e ao me aproximar percebi que havia vítimas muito graves. Uma menina de uns 10 anos estava desacordada e sangrava muito. Teve que ser levada por motoristas que passaram, não sei se resistiu...
Vi um garotinho de uns 2 ou 3 anos em pé, ao lado da mãe que ainda estava dentro de um dos carros. Ele chorava e pedia para não deixar que a matassem... Olhei o corpinho, não estava machucado com gravidade. Peguei no colo e tentei afastá-lo dali.
A mãe, com muita dor e dificuldade pra respirar, só conseguiu pedir pra que eu cuidasse dele...
Ela foi levada pelos socorristas, ainda não sei o estado dela.
Acho que o destino me colocou ali porque consegui acalmar aquela criança, sem ninguém...
No outro carro, mais cinco pessoas feridas...
Depois de aproximadamente meia hora, quando todos estavam encaminhados, lembrei que sou uma jornalista e de quanto este trabalho significa na minha vida. Que naquela hora nem pensei em escolher entre fazer meu trabalho ou atender aquelas pessoas...
Também lembrei de tantas pessoas que tenho deixado de lado por causa dele.
Tantas pessoas que deixei de dizer que amo por causa da correria.
Tenho certeza de que meu trabalho me colocou naquele lugar na hora certa por alguma razão. Não era pra ser o nosso carro, não era pra ser eu, mas precisava estar ali.
Porque de alguma maneira Deus quis me mostrar o quando somos pretensiosos na profissão e tão frágeis como seres humanos...
3 comentários:
É, a vida de jornalista não mole não, às vezes dá vontade de mudar. Isso aconteceu comigo várias vezes, mas, enfim, hoje, depois de 30 anos de "janela", quase me aposentando, olho para trás e vejo como foi vitoriosa e gratificante a minha carreira. As coisas ruins e os momentos e experiências frustrantes ficam lá num cantinho da memória, esquecidas. Tudo passa, mas as boas e gratificantes experiências é que prevalecem!
Grande abraço do colega
Claudio Azevedo
Ser jornalista é sem dúvida alguma, bem mais difícil do que se imagina...
Que bom que agora poderemos ser amigas de blog!
Um beijo
Amei as fotos
Nossa profissão é isso mesmo, uma mistura louca de sentimentos. Um dia o que fazemos é certo e a mesma coisa no outro dia pode ser errada! O importante acredito que é estar de bem com a nossa consciência!
bjos
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