Meu dom não é ser imparcial, isto é treino.
Meu dom não é ser natural, isto é preparo.
Meu dom não é ser ética, isto vem de berço.
Meu dom não é ser coerente, isto é estudo!
Uma vez uma pessoa em quem me espelho muito me disse: “quem não tem boa formação, não tem noção de limites. Fala o que quer, não ouve, julga, condena.”
Percebo que esta ausência de valores sempre vem à tona em situações extremas: de muita felicidade, de ambição, de grandes perdas, de ameaças, de impotência...
E basta nos policiarmos um pouco pra perceber o quanto nos achamos no direito de julgar o próximo. Condenar o suspeito, linchar o acusado...
Nesta semana vivi momentos de extrema tensão, dor e impotência.
Também vivi a angústia de ser julgada sem direito de defesa, num momento onde tudo o que eu queria era servir.
Mas tento entender que as pessoas são como são, carregam cargas emocionais de toda uma vida e nem sempre estas emoções foram benéficas.
De alguma maneira precisam constantemente jogar suas frustrações para o mundo, projetar no outro tudo aquilo de ruim que acumularam numa vida inteira.
Com minha profissão aprendi a sempre ver os dois lados mesmo em situações da vida pessoal.
Isso algumas vezes inclui aceitar as coisas como são e até tirar o time de campo se for necessário.
Deus me deu o dom da serenidade, de não perder a razão nestes momentos.
Também me deu o dom de amar, amar tanto a ponto de abrir mão pelo outro.
Sei que lá no final as coisas se ajeitam, que o tempo sempre resolve.
Que Deus mostra o caminho e nos dá discernimento quando temos fé e sabemos esperar.
Por isso meu choro não é mais de tristeza nem de decepção.
Choro apenas pela ausência e sei que isso logo vai passar.
E apesar de tudo sigo feliz, com a alma imensa e o coração aberto.
foto: Marilena Chociai
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