Nas últimas semanas tenho vivido uma espécie de bloqueio criativo. Quem acompanha meu blog deve ter percebido que ando relaxada nas atualizações.
É uma espécie de crise mesmo. Normalmente não consigo escrever, os "insites" não vêm como antes...
E quando escrevo, não gosto de nada.
Então hoje recebi um texto maravilhoso de Cássia Fragata sobre o tema, publicado na edição deste mês da revista da cultura: (http://www2.livrariacultura.com.br/culturanews/rc26/index2.asp?page=capa).
Achei interessantíssimo e como sei que muitos de vocês são um pouco artistas como eu, resolvi postar um fragmento dele.
IMPASSES DA CRIAÇÃO
Como disse Bernard Shaw, “a ansiedade e o medo envenenam o corpo e o espírito”. Se não se respeita o tempo da criação, a ansiedade pode acabar com ela.
Noites mal-dormidas, culpa e desespero se fazem presentes e aí a coisa desanda, paralisa. É a crise de criatividade gerada pelo próprio processo de criação. “Antigamente, eu ficava muito ansioso, muito preocupado, ficava tentando ver o que ia fazer, até o momento que falei: ‘relaxa’”, diz Ignácio de Loyola. “Enquanto você fica ansioso, acaba não encontrando solução nenhuma, ou encontrando soluções ruins ou ainda ficando cada vez mais bloqueado.”
Para o escritor, a falta de solução para o problema de um texto, roteiro ou letra de música prende e paralisa. “A ansiedade, às vezes, é criativa, mas não nesse caso.” Loyola lembra de Federico Fellini: “A coisa mais genial que conheço sobre uma crise se chama 8 e 1/2, do Fellini, é um diretor que não consegue átudo pronto e o filme não sai”.
Marcelino Freire precisa de paz para criar. “Não consigo criar se estou encurralado, triste demais, cabisbaixo... Fico pensando na crise, envolvido por ela, e não faço nadica de nada.” Opinião compartilhada por Jean Garfunkel. “A crise está ligada ao momento histórico do criador, de baixa ou alta autoestima, e o seu grau de expectativa de desempenho diante do desafio criativo proposto”, explica o compositor. “O processo criativo envolve um risco. O cara tem que se sentir confiante pra poder brincar, experimentar e errar sem medo do ridículo.”Nesse sentido, Calligaris ilustra com Freud. “Ele dizia que toda inibição, de qualquer tipo, é produzida por um excesso de erotização, ou seja, quanto mais a gente investe, digamos assim, energia, desejo em alguma coisa, tanto mais é fácil encontrar uma inibição.” E exemplifica: “Quando você acha um encontro importantíssimo, decisivo e pensa naquilo todos os dias, é muito provável que, primeiro, você se atrase, segundo, uma vez sentado à mesa, consiga derrubar um copo de vinho na pessoa com quem você está, e tudo vai acontecer exatamente porque você erotizou demais, investiu totalmente naquilo e isso acontece na criação sob forma de inibição criativa, de crise”, conclui o psiquiatra.
fonte: Livraria Cultura
Um comentário:
Portanto necessitamos de um tempo para consolidar a criação de uma paixão???
Adoro você
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